quinta-feira, 6 de setembro de 2012

PROJETO CADA UM COM SEUS BOTÕES:TRABALHANDO A MATEMÁTICA NA EDUCAÇÃO INFANTIL



CENTRO DE EDUCAÇÃO INFANTIL PRIMEIROS PASSOS







CADA UM COM SEUS BOTÕES: 
TRABALHANDO A MATEMÁTICA NA EDUCAÇÃO INFANTIL














Professora Jeane Carla Kraemer Knorst
Gestora: Cleusete Ulsenheimer
Coordenadora pedagógica: Mineia Sangiovo
C.E.I Primeiros Passos






Justificativa

A matemática faz parte do nosso cotidiano, precisamos dela em quase tudo. Na hora de cozinhar o almoço, na organização de espaços, para saber as horas e quando utilizamos o calendário. Sabendo dessa importância e que os estímulos matemáticos devem fazer parte do aprendizado da criança para que ela desenvolva o raciocínio lógico, o projeto pretende de forma lúdica e muito divertira mostrar as crianças como a matemática é prazerosa e uma ferramenta que nos ajuda no dia – dia.
O conhecimento lógico matemático não se dá por informação, mas pela possibilidade da criança agir sobre os objetos e a partir dessa relação conhecer a nomenclatura especifica e formar conceitos. É através de atividades concretas que as crianças conseguem se apropriar do conhecimento proposto em aula.
A criança não constrói o número fora do contexto geral do pensamento do seu cotidiano. Para Piaget, os conceitos lógicos precedem os numéricos. O conceito de número baseia-se na formação e sistematização da mente em duas operações: classificação e seriação. A simples observação de classificações ou seriações prontas não são suficientes para a criança. Cabe ao professor oportunizar desde a pré-escola várias situações que permitam ao aluno elaborar estes processos
Segundo Rangel, é somente agindo intensamente sobre os objetos em atividades como quantificar coleções significativas para ela que a criança poderá ir progressivamente construindo a estrutura do número que é a base para todo o conhecimento lógico-matemático.

Objetivos
- Ampliar o vocabulário e linguagem como meio de comunicação;
- Introduzir o raciocínio lógico, através de suas estruturas;
- Reproduzir seqüências e seriações, exemplo: ordenar os botões do maior ao menor e vice- versa;
- Desenvolver a correspondência termo a termo (contagem e o reconhecimento dos números);
-Possibilitar o seqüenciamento dos números naturais.
- Associar a quantidade ao numeral.
- Vivenciar situações onde o uso e a prática social da matemática estejam presentes;
- Permitir o estabelecimento de diferentes tipos de relações entre fatos, objetos, acontecimentos, noções, conceitos, etc;
- Permitir a utilização do que é aprendido em diferentes situações;


Conteúdo curriculares

- Português; oralidade, nome próprio
- Matemática; seriação, classificação, sequência numérica, contagem, conceitos matemáticos: mais/ menos, maior/menor, igual/ diferente


Metodologia

- Painel para anotação e acompanhamento de quantos botões cada um tem;
- Contagem dos botões;
- Comparação de quem tem mais;
- Conversa: quem deu os botões para as crianças;
- Cores
- Maior menor
- Painel com grampos de roupa e números para visualização e contagem;
- Seriar os botões
- Classificar os botões

Período
Agosto a outubro de 2011
Turma: alunos de três anos do Jardim III

Avaliação
A avaliação será feita em todas as atividades acompanhando a evolução dos alunos



Avaliação do projeto

O objetivo principal do projeto “cada um com seus botões” foi o de desenvolver nas crianças o raciocínio lógico e a contagem termo a termo. O projeto foi desenvolvido durante o terceiro e quarto bimestres. Consistia em cada criança ter um pote identificado com seu nome e levaria este para casa, toda vez que este pote fosse para casa  os pais ou responsáveis deveriam colocar de um a dois botões para que a criança trouxesse para a escola. A primeira vez que o pote foi para casa ele foi acompanhado com um bilhete¹ onde era explicado aos pais ou responsáveis como iria funcionar o projeto.
            Quando esse pote retornava á escola cada criança recebia uma cartela¹ que continha os números do um ao vinte e espaço abaixo desses números onde se colocaria os botões para que a criança pudesse visualizar o numero enquanto contava os botões fazendo assim a relação entre a contagem e a escrita.
            A problemática do projeto surgiu da necessidade de ensinar as crianças a contagem e a seriação, mas como fazer isso de forma lúdica e prazerosa com crianças de três anos de idade?  Nas leituras em livros e na internet li sobre coleções, então não conseguia pensar qual seria o objeto dessa coleção. Pedra? Tinha receio que catariam qualquer uma na rua, não iriam se preocupar em achar algo diferente, iriam encher os potes de pedra brita e estaria pronto. Chaveiro? É caro e difícil de encontrar. Figurinha? Do que? Vou incentivar as crianças a comer doce! Diante dessas circunstancias levei minha angustia e o “problema” a todos da minha escola, foi então que a gestora Cleusete deu a idéia dos botões, pois são acessíveis e baratos. Depois de escolhido o objeto de nossa coleção o projeto foi posto em prática.
            Ao primeiro olhar o projeto é bem simples, é uma coleção que parece ser uma coisa natural do ser humano, afinal que não teve uma coleção na vida. Todavia, sem dúvida nenhuma o objetivo do projeto foi alcançado. Nesse percurso os jogos como o de memória e o quebra cabeça também foram de grande valia pra se chegar ao resultado esperado. Foi uma ferramenta para que as crianças pudessem de forma lúdica aprender a comparação como maior/menor, mais/menos/ igual/diferente, esse jogos ajudaram na hora de ordenar os botões, para identificar maior ou menor ou quem tinha mais botões.
            O caminho de casa até a escola também se tornou um “garimpo” de botões, pois as crianças encontravam botões na rua e estes eram agregados a coleção de quem os achou.
            Na sala de aula foi feito um cartaz para que as crianças acompanhassem a contagem dos botões, e pudessem fazer a comparação de quem tinha mais ou menos botões, que colega tinha o mesmo número que o seu de botões. Esse cartaz que na verdade é uma tabela contendo o nome dos alunos e números. Cada vez que a criança trazia a coleção para a escola fazia – se a contagem dos botões com o auxilio da cartela de números e a professora marcava com um xis no quadrado correspondente da tabela.
            Como tudo que você faz você precisa da ajuda do outro (novo paradigma da teoria da complexidade), esse projeto não foi diferente, além dos alunos e professora, os pais fizeram parte do projeto. Por este projeto abranger crianças de 3 anos, os pais ficaram responsáveis por arrumar botões para as crianças em casa ou orientá-las a pedir ajuda conforme orientação dada no bilhete enviado a eles.
            A maioria do pessoal de casa entendeu como era o funcionamento do projeto e cada vez que o pote foi para casa ele voltou com um ou dois botões a mais, alguns pais que não tinham botões em casa compraram e deixaram guardados para cada vez que a coleção retornasse para casa. Teve os pais que a primeira vez que o pote chegou em casa encheu de botões e também teve aquele que não colocou nenhum botão e ainda aquele que nem o pote mandou de volta para a escola.
            Como pedagoga tenho que me preparar para isso, porém não posso negar que como educadora isso me entristece, chego as vezes pensar que me preocupo mais do que os pais com seus próprios filhos. Isso me faz desistir? Nunca. À vista disso, tem os pais que se preocupam, se não entendem um bilhete ou tem dúvidas vem falar com o professor, entendem que não somos cuidadores e sim educadores.
            Porém essa visão distorcida da educação infantil não é só dos pais ou sociedade vem também dos nossos colegas que trabalham em outros níveis de ensino, a visão de que só brincamos. Mas se brincamos é com um objetivo a ser atingido, como a coleção de botões que não passou de uma mera brincadeira, no entanto que alçou os objetivos propostos.






Referencias

PIAGET, Jean. A gênese das estruturas lógicas matemáticas. São Paulo: EPU, 1976.

RANGEL. Ana Cristina. Educação matemática e a construção do número. Porto Alegre: Artes Médicas, 1992.


 Este projeto foi o vencedor do Prêmio Professor Nota 10, realizado pela Secretaria de Educação e Cultura de Itanhangá em 2011.