CENTRO DE EDUCAÇÃO INFANTIL PRIMEIROS PASSOS
CADA UM COM SEUS BOTÕES:
TRABALHANDO A MATEMÁTICA NA EDUCAÇÃO INFANTIL
Professora Jeane Carla Kraemer
Knorst
Gestora: Cleusete Ulsenheimer
Coordenadora pedagógica: Mineia
Sangiovo
C.E.I Primeiros Passos
Justificativa
A matemática faz parte do nosso
cotidiano, precisamos dela em quase tudo. Na hora de cozinhar o almoço, na
organização de espaços, para saber as horas e quando utilizamos o calendário.
Sabendo dessa importância e que os estímulos matemáticos devem fazer parte do
aprendizado da criança para que ela desenvolva o raciocínio lógico, o projeto
pretende de forma lúdica e muito divertira mostrar as crianças como a
matemática é prazerosa e uma ferramenta que nos ajuda no dia – dia.
O conhecimento lógico matemático
não se dá por informação, mas pela possibilidade da criança agir sobre os
objetos e a partir dessa relação conhecer a nomenclatura especifica e formar
conceitos. É através de atividades concretas que as crianças conseguem se
apropriar do conhecimento proposto em aula.
A criança não constrói o número
fora do contexto geral do pensamento do seu cotidiano. Para Piaget, os
conceitos lógicos precedem os numéricos. O conceito de número baseia-se na
formação e sistematização da mente em duas operações: classificação e seriação.
A simples observação de classificações ou seriações prontas não são suficientes
para a criança. Cabe ao professor oportunizar desde a pré-escola várias
situações que permitam ao aluno elaborar estes processos
Segundo Rangel, é somente agindo
intensamente sobre os objetos em atividades como quantificar coleções
significativas para ela que a criança poderá ir progressivamente construindo a
estrutura do número que é a base para todo o conhecimento lógico-matemático.
Objetivos
-
Ampliar o vocabulário e linguagem como meio de comunicação;
-
Introduzir o raciocínio lógico, através de suas estruturas;
-
Reproduzir seqüências e seriações, exemplo: ordenar os botões do maior ao menor
e vice- versa;
-
Desenvolver a correspondência termo a termo (contagem e o reconhecimento dos
números);
-Possibilitar
o seqüenciamento dos números naturais.
-
Associar a quantidade ao numeral.
-
Vivenciar situações onde o uso e a prática social da matemática estejam presentes;
-
Permitir o estabelecimento de diferentes tipos de relações entre fatos,
objetos, acontecimentos, noções, conceitos, etc;
-
Permitir a utilização do que é aprendido em diferentes situações;
Conteúdo
curriculares
-
Português; oralidade, nome próprio
-
Matemática; seriação, classificação, sequência numérica, contagem, conceitos
matemáticos: mais/ menos, maior/menor, igual/ diferente
Metodologia
-
Painel para anotação e acompanhamento de quantos botões cada um tem;
-
Contagem dos botões;
-
Comparação de quem tem mais;
-
Conversa: quem deu os botões para as crianças;
-
Cores
-
Maior menor
-
Painel com grampos de roupa e números para visualização e contagem;
-
Seriar os botões
-
Classificar os botões
Período
Agosto
a outubro de 2011
Turma: alunos de três anos do Jardim
III
Avaliação
A
avaliação será feita em todas as atividades acompanhando a evolução dos alunos
Avaliação do
projeto
O
objetivo principal do projeto “cada um com seus botões” foi o de desenvolver
nas crianças o raciocínio lógico e a contagem termo a termo. O projeto foi
desenvolvido durante o terceiro e quarto bimestres. Consistia em cada criança
ter um pote identificado com seu nome e levaria este para casa, toda vez que
este pote fosse para casa os pais ou
responsáveis deveriam colocar de um a dois botões para que a criança trouxesse
para a escola. A primeira vez que o pote foi para casa ele foi acompanhado com
um bilhete¹ onde era explicado aos pais ou responsáveis como iria funcionar o
projeto.
Quando esse pote retornava á escola
cada criança recebia uma cartela¹ que continha os números do um ao vinte e
espaço abaixo desses números onde se colocaria os botões para que a criança
pudesse visualizar o numero enquanto contava os botões fazendo assim a relação
entre a contagem e a escrita.
A problemática do projeto surgiu da
necessidade de ensinar as crianças a contagem e a seriação, mas como fazer isso
de forma lúdica e prazerosa com crianças de três anos de idade? Nas leituras em livros e na internet li sobre
coleções, então não conseguia pensar qual seria o objeto dessa coleção. Pedra?
Tinha receio que catariam qualquer uma na rua, não iriam se preocupar em achar
algo diferente, iriam encher os potes de pedra brita e estaria pronto.
Chaveiro? É caro e difícil de encontrar. Figurinha? Do que? Vou incentivar as
crianças a comer doce! Diante dessas circunstancias levei minha angustia e o
“problema” a todos da minha escola, foi então que a gestora Cleusete deu a
idéia dos botões, pois são acessíveis e baratos. Depois de escolhido o objeto
de nossa coleção o projeto foi posto em prática.
Ao primeiro olhar o projeto é bem
simples, é uma coleção que parece ser uma coisa natural do ser humano, afinal
que não teve uma coleção na vida. Todavia, sem dúvida nenhuma o objetivo do
projeto foi alcançado. Nesse percurso os jogos como o de memória e o quebra
cabeça também foram de grande valia pra se chegar ao resultado esperado. Foi
uma ferramenta para que as crianças pudessem de forma lúdica aprender a
comparação como maior/menor, mais/menos/ igual/diferente, esse jogos ajudaram
na hora de ordenar os botões, para identificar maior ou menor ou quem tinha
mais botões.
O caminho de casa até a escola
também se tornou um “garimpo” de botões, pois as crianças encontravam botões na
rua e estes eram agregados a coleção de quem os achou.
Na sala de aula foi feito um cartaz
para que as crianças acompanhassem a contagem dos botões, e pudessem fazer a comparação
de quem tinha mais ou menos botões, que colega tinha o mesmo número que o seu
de botões. Esse cartaz que na verdade é uma tabela contendo o nome dos alunos e
números. Cada vez que a criança trazia a coleção para a escola fazia – se a
contagem dos botões com o auxilio da cartela de números e a professora marcava
com um xis no quadrado correspondente da tabela.
Como tudo que você faz você precisa
da ajuda do outro (novo paradigma da teoria da complexidade), esse projeto não
foi diferente, além dos alunos e professora, os pais fizeram parte do projeto.
Por este projeto abranger crianças de 3 anos, os pais ficaram responsáveis por
arrumar botões para as crianças em casa ou orientá-las a pedir ajuda conforme
orientação dada no bilhete enviado a eles.
A maioria do pessoal de casa
entendeu como era o funcionamento do projeto e cada vez que o pote foi para
casa ele voltou com um ou dois botões a mais, alguns pais que não tinham botões
em casa compraram e deixaram guardados para cada vez que a coleção retornasse
para casa. Teve os pais que a primeira vez que o pote chegou em casa encheu de
botões e também teve aquele que não colocou nenhum botão e ainda aquele que nem
o pote mandou de volta para a escola.
Como pedagoga tenho que me preparar
para isso, porém não posso negar que como educadora isso me entristece, chego
as vezes pensar que me preocupo mais do que os pais com seus próprios filhos.
Isso me faz desistir? Nunca. À vista disso, tem os pais que se preocupam, se não
entendem um bilhete ou tem dúvidas vem falar com o professor, entendem que não
somos cuidadores e sim educadores.
Porém essa visão distorcida da
educação infantil não é só dos pais ou sociedade vem também dos nossos colegas
que trabalham em outros níveis de ensino, a visão de que só brincamos. Mas se brincamos é com um
objetivo a ser atingido, como a coleção de botões que não passou de uma mera
brincadeira, no entanto que alçou os objetivos propostos.
Referencias
PIAGET, Jean. A gênese das estruturas lógicas matemáticas.
São Paulo: EPU, 1976.
RANGEL. Ana Cristina. Educação matemática e a construção do número. Porto Alegre: Artes Médicas, 1992.
RANGEL. Ana Cristina. Educação matemática e a construção do número. Porto Alegre: Artes Médicas, 1992.
Este projeto foi o vencedor do Prêmio Professor Nota 10, realizado pela Secretaria de Educação e Cultura de Itanhangá em 2011.